sexta-feira, 21 de maio de 2010

Seattle, 1855.



"So depois que a última árvore for derrubada, o último peixe for morto, o último rio envenenado, vocês irão perceber que dinheiro não se come".


"Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa idéia nos parece estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, com é possível comprá-los? Cada pedaço desta terra é sagrada para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra da floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência de meu povo. A seiva que percorre o corpo das arvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho.
Os mortos do homem branco esquecem sua terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas. Nossos mortos jamais esquecem esta bela terra pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela faz parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia, são nossos irmãos. Os picos rochosos, os sulcos úmidos nas campinas, o calor do potro, e o homem - todos pertencem a mesma família.

Portanto, Grande Chefe de Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, pede muito de nós. O Grande Chefe diz que nos reservará um lugar onde possamos viver satisfeitos. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, nós vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra. Mas isso não será fácil. Essa terra é sagrada para nós.
Essa água brilhante que escorre nos riachos não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se que ela é sagrada e devem ensinar as suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida de meu povo. O murmúrio das águas é a voz de meus ancestrais.

Os rios são nossos irmãos e saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos e seus também. E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão.

Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção da terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra aquilo de que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, e quando ele a conquista, prossegue seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa. A sepultura de seu pai e os direitos de seus filhos são esquecidos. Trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu como coisas que possam ser compradas, saqueadas, vendidas como carneiros. Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.

Eu não sei, nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e não compreenda.
Não há lugar quieto na cidade do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o deabrochar das flores na primavera ou o bater das asas de um inseto. Mas talvez porque eu sou um selvagem e não compreenda. O ruído parece somente insultar os ouvidos. E o que resta da vida se um homem não pode ouvir o canto solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa à noite? Eu sou um homem vermelho e não compreendo.

O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio verão limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros.
O ar é precioso para o homem vermelho pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro - o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao mau cheiro. Mas se vendermos nossa terra ao homem branco, ele deve lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seu espírito com toda a vida que mantém. O vento que deu a nosso avô seu primeiro aspirar também recebe seu último suspiro. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la intacta e sagrada, como um lugar onde até mesmo o homem branco possa ir saborear o vento açucarado pelas flores dos prados.
Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, imporei uma condição, o homem branco deve tratar os animais dessa terra como irmãos
.
Sou um selvagem e não compreendo outra forma de agir. Vi um milhar de búfalos apodrecendo na planície, abandonados pelo homem branco que o alvejou de um trem ao passar. Eu sou um selvagem e não compreendo como é que o fumegante cavalo de ferro pode ser mais importante que o búfalo, que sacrificamos somente para permanecermos vivos.
O que é os homens sem os animais? Se todos os animais se fossem os homens morreriam de uma grande solidão de espírito. Pois o que ocorre com os animais, breve acontece com o homem. Há uma ligação em tudo.
Vocês devem ensinar as suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de nosso povo. Ensinem as suas crianças o que ensinamos as nossas que a terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à terra, acontecerá aos filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.

Isto sabemos: a terra não pertence ao homem, o homem pertence à terra. Isto sabemos: todas as coisa estão ligadas como o sangue que une a família. Há uma ligação em tudo. O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fazer ao tecido, fará a si mesmo.
Mesmo o homem branco cujo Deus caminha e fala como ele de amigo para amigo, não pode estar isento do destino comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. Veremos. De uma coisa estamos certos e o homem branco poderá vir a descobrir um dia: nosso Deus é o mesmo Deus. Ele é o Deus do homem, e Sua compaixão é igual para o homem vermelho e para o homem branco. A terra lhe é preciosa, e ferí-la é desprezar seu criador. Os brancos também passarão; talvez mais cedo que todas as tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos.
Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente, iluminados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos sejam todos domados, os recantos secretos da floresta densa impregnadas do cheiro de muitos homens, e a visão dos morros obstruídos por fios que falam. Onde está o arvoredo?
Desapareceu. Onde está a águia?


Desapareceu. É o final da vida e o início da sobrevivência."


Chefe índio dos Duwamish, para Chefe dos Estados Unidos Franklin Pierce.

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

quarta-feira, 7 de maio de 2008

... and the dream of horses


Escolhendo alguns vídeos de música pra por aqui ,
percebi minhas reais ocultas intenções intra sensoriais...
Começo a perceber que tenhos algumas certezas agora...
sobre indiferença e a outra metade da origem do que derrama nós mesmos sobre qualquer superfície de poetas.
mas tenho certa visão palpitante e esse prelúdio do porvir...
não ser tão demasiadamente humana como se é possível...
então tento projetar essa solidão interna, agora muito, muito distante do que aquela que a adolescencia anuncia, para algumas paginas, fotos, escritos, sindromes...
Pan !
dei-me tudo que eu não poderia ter permitido vazar..
cada gotícula do que é volátil sim!
mas que poderia eu ter contido, nem que em poucos versos...
nem que em muitos gritos...
nem que por somente degustar das inceretezas e amargamente postas sobre a mesa essas sensações de que tudo ainda vive...
é...a metafísica como sensação de estar mal disposto...
tão que não se pode mais desatar do marasmo do previsto...
sufocando a tão imensa obstrução do acaso...
por um passo remontado de um gesto mal calado
e um torpor muito ensaiado...
a vida.
essa que permite o caminho , puto caminho já especulado.
ou não !



terça-feira, 6 de maio de 2008

Signo da Ausência


Eu não queria ter de mentir
agora e mais uma vez,
a saber que tudo que se fez
fixa-se no infinito.
Acordar com um corte, vento da janela,
perdi a vida lentamente.
O tempo apaga tudo.
Ele pegava alguns cigarros e descartava a existência.
Ele sempre virá naquelas noites de verão.
Ele não procurará em lugares...
Eu não queria ter de dormir,
agora e sempre.
Dançar e alcançar, vento da janela.
Fixar-se no infinito.
afastar a vida lentamente
Entropia acaba o tudo
afetar a vida lentamente.

Ele flutuava grãos de areia na infância
e tudo que precisava ser escondido,
Delírium deleita.


*Os deuses nos chamam...sim, nos chamam, pra perto deles...
e o Infinito também roga por companhia constante, objeto que nunca obteve.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Sollar

Poderia começar sem qualquer palavra.
Um salão...Alvo, sereno,
Cortinas de renda branca.
Raios do entardecer reatando seu ofuscado Destino.
O som deste interminável agora repolsando esta expressão de crença, infância e... Solidão.
A repetição deste acalanto,
Inúmeras manifestações da Nostalgia em alguns acordes.
Sem culpa, sem adornos, sem alcance.
Então, esse arrebatamento quase sem Dor (A.A),
Porque esta insiste em vir só, e com entusiasmo vigor.
Ah...Este sim...Ele pulsa, ele desespera em um ato falho de Ardor e...
(...)Cativando a Pureza que se encontra em pouco mais de 9 vidas ...de 12 meses...
A sua partitura de vida estilhaçada na minha...
Ela sabia.
(...) Mas eu te guardava de longe, com a porta entreaberta,
E uma agonia nos olhos por causa dos raios que persistiam por me boicotar...
Ainda sim, só e calada, te olhava.
E você esta só.
E seus olhos eram como um universo em sua versão caótica enigmatizada pelo vácuo, que esconde um todo de Rigor, Amor, Misericórdia, de infância e paternidade.
Então...
Eu poderia, por assim dizer, horas permanecer ali... naquele chão gélido... que se instalava sob minhas coxas...
Anestesiada então...olhando..olhando...
Eu poderia.
E creio que nunca anoiteceria.
E quando as primeiras lágrimas refrescassem sua face rígida,
Eu não sei se poderia fazer algo...
Apenas baixar a minha...
E ouvir o som de suas Asas.

22/10/07 18:00h


domingo, 24 de fevereiro de 2008

Revés diagonal



20 de fevereiro de 2008

Quase 18:00 h, mas ainda é dia. Tô aprendendo a fazer HTML... e o mais interessante: tô aprendendo tudo.
Sentada... em frente a entrada diagonal.Histórias se cruzando a cada 30 segundos, coordenadas pelo farol. Ninguém pode entender... como uma tarde semi-ensolarada pode combinar tão bem com um estado plurifacetado de uma alma...e quão antagônico pode parecer.
Assim como a mim, percebo a cidade... construções do século XVIII mescladas á arranha-céus...e tudo evolui.E tudo, um belo dia se transforma em apenas algumas frases, manias,sorrisos... que se observa por sobre o ombro...o ombro do instante fecundo. O prelúdio do porvir estagnado... Mas ainda pulsa.
E só agora me observo sentada... nesta tarde. Como uma tarde sem igual, enfim.
Tenho à minha face neste momento, todas as cores de seus olhos. O céu, de um cinza dolorido, é o que mais venero. E como que a fecundar sua noiva cósmica, esse céu respinga lenta e timidamente suas gotículas de contrição sobre mim. E ninguém consegue ver nada mais que isso. Nada além da garotinha rodando em retrocesso pelo poste... toda engomadinha...Somente muito aquém de um selo ao revés.
Emoldurada sob a sombra de meu menino-anjo.
È como parte da sonata, que não se cumpriu. O bater de suas asas acalentando o Silêncio sepulcral, o vazão habitado por memórias de um esquecimento com sobrenome, era um palpite tão tímido... e invasivo. E quando se percebe... parece tão... impalpável, uma vez que nem quase posso crer...mas está ali.
(...)
Novamente me deparo com uma página branca que espera tranqüila e sôfega, os primeiros respingos de uma vã melodia a uma mente preparada a ela. Não estará... não é mesmo?! Então... descubro a espera, desnudando seus segredos e ensinamentos...sugando e lambendo cada fresta...deleitando-me neste caminho.
Aproveitar e lotar o lapso de acaso. Um piegas recomeço para uma camada insólita do tempo. Arritmia de meus passos recua ao que se sabe, mas se esquece de lembrar. Agora, uma sonoridade com marcas precisas.